Caridade de alto risco
Foi exatamente o trabalho de assistência social e caridade, e
a demanda espiritual decorrente que nos trouxe novos problemas, novas reflexões e
desafios. Com a ampliação do movimento espiritual enteógeno para os centros urbanos,
processo iniciado já nos anos 70, o Daime se tornou uma alternativa e em muitos casos
comprovados, uma solução para vários sintomas e doenças dessa grande crise
civilizatória do final do milênio.
Dessa
forma, os centros passaram a atender cada vez mais casos de pessoas gravemente enfermas,
com distúrbios de comportamento, sequelas mentais ou que tiveram suas personalidades
danificadas sériamente, principalmente por desordens afetivas e traumas familiares. Na
maior parte dos casos, eram pessoas completamente abandonadas pelas famílias ou
fortemente rejeitadas afetivamente por elas. Que se valiam de centros espíritas e de
caridade, como o nosso, por não terem mais a quem recorrer.
Sem dúvida,
no atual estado da crise de hoje, praticar a caridade e ajudar esse tipo de gente, como
Jesus fazia, continua se constituindo numa autêntica caridade de alto risco. Entre gerações de daimistas sadios e pacíficos e milhares de
casos de usuários bem sucedidos, que tiveram curas e diversos benefícios documentados,
setores da mídia resolveram explorar, de forma sensacionalista, alguns poucos casos, cujo
desfecho (o suicídio de um jovem e os conflitos de mãe que perdeu a guarda da filha)
jamais poderiam ser atribuídos, sob nenhum aspecto, ao Daime. |
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