Geraldine: Um Testemunho (+fotos e videos)
Hoje, dia 1° de Junho de 2016, por volta das 16h do horário da Holanda, Geraldine Fijneman, nossa querida Geraldine, fez sua passagem para o plano espiritual aos 71 anos de idade. Apesar da dor e do sofrimento dos últimos meses, exalou seu último suspiro em grande paz, enquanto a filha molhava seus lábios com um pouco de água, a única coisa que nestes últimos tempos conseguia ingerir.
Quase todos conhecem a história e a fibra desta mulher que, condenada no início dos anos 90 por um diagnóstico de tumor cerebral a viver mais três meses, se tornou um exemplo e um símbolo de fé e testemunho no poder de cura do Santo Daime.
Nesta sua sobrevida de 23 anos, foi uma batalhadora incansável na luta pela legalização do Santo Daime na Europa e no desenvolvimento e consolidação da nossa doutrina.
Em muitos momentos, Geraldine lutou para manter seu processo de cura e contornou as dificuldades se entregando totalmente ao SD e aos métodos da medicina natural. Nos últimos tempos , compreendendo a inevitabilidade do seu próprio passamento, revelou pouco a pouco às pessoas mais íntimas seu desejo de abandonar a matéria , cada vez mais difícil de sustentar. Sabiamente, já não corria, como outrora, em busca do milagre. Sua própria vida até então já era por si só o milagre.
Mas mesmo nesta sua fase terminal, o brilho dos olhos, sua presença estava sempre ali. Impedida de se locomover, ela acompanhava os trabalhos em casa, ao vivo , através do facetime.
Ponto de referencia para toda uma geração de daimistas, sua casa na van Kingbergenstraat sempre abraçou com muito amor, carinho e um jeitinho brasileiro a todos quanto por lá passaram.
Como todo espirito elevado, como toda pessoa de coração compassivo e alegre, Geraldine deixa em nossa memória uma saudade e também uma leveza. Neste sentimento ela continua vivendo, pois é dele que a eternidade é tecida: pelo que guardamos de bom em nosso coração.
Quando há alguns anos atrás tive a oportunidade de acompanhar os últimos momentos da nossa também tão querida irmã Prya, vi em algumas oportunidades Geraldine lendo para ela trechos do Bardo Todhol, o Livro Tibetano dos Mortos.
Nele, o autor dá vários conselhos para a consciência que se dissolve e continua de alguma forma consciente, mesmo além da morte física. Quando a vi fardada no seu leito mortuário, foi uma passagem do Bardo que sussurrei no seu ouvido: “Geraldine, siga a luz branca radiante!
Após a linda missa que fizemos de corpo presente no hospice onde ela faleceu, sua inseparável amiga Lisbeth me dizia que ela, quando falava de sua passagem, sempre dizia que sua alegria era saber que encontraria a Madrinha Cristina, a quem era muito ligada.
Sem dúvida que atravessando esta luz branca radiante elas irão se encontrar...
Amsterdam, 1º de junho de 2016
Alex Polari de Alverga
Geraldine: A testimony
Today, June 1, 2016, around 4 pm of the Netherlands time, Geraldine Fijneman, our dear Geraldine, made her transition to the spiritual plane with the age of 71. Despite the pain and suffering of the last few months, she breathed her last sigh in great peace, while the daughter wet her lips with a little water, the only thing in recent times could ingest.
Almost everyone knows the story and the fiber of this woman, condemned in the early 90s by a diagnosis of brain tumor to live another three months, she has become an example and a symbol of faith and testimony in the healing power of the Santo Daime.
In her 23 year survival, she was a tireless fighter in the struggle for legalization of Santo Daime in Europe and the development and consolidation of our doctrine.
In many instances, Geraldine fought to keep her healing process and skirted the difficulties surrendering totally to Santo Daime and methods of natural medicine. In recent times, understanding the inevitability of her own passing, little by little revealed to the most intimates her desire to leave the body, increasingly difficult to sustain. Wisely, she no longer ran, as before, in search of the miracle. Her own life until then already was itself the miracle.
But even in this terminal phase, the shine of her eyes, her presence was always there. Not able to move around, she had been following the works at home live through facetime.
Reference point for a whole generation of daimistas, her house in van Kingbergenstraat always embraced everybody passing there with love, affection and a 'jeitinho Brasilieiro'.
Like every high spirit, like every person with compassionate and joyful heart, Geraldine leaves in our memory a saudade and also a lightness. In this sentiment she is still living, because eternity is woven of it: for what we keep of good in our hearts.
When a few years ago I had the opportunity to accompany also the last moments of our beloved sister Prya, and those moments Geraldine reading to her passages from the Bardo Todhol, the Tibetan Book of the Dead.
In it, the author gives several tips on the awareness that dissolves and remains in any way conscious, even beyond physical death. When I saw her dressed in uniform in her deathbed, it was a passage from Bardo that I whispered in her ear: "Geraldine, follow the radiant white light!”
After the beautiful Missa we made with the body present at the hospice where she died, her inseparable friend Liesbeth told me that she, when she spoke of her transition, always said that her joy was knowing that she would find Madrinha Cristina, with whom she was strongly connected.
No doubt that passing through this radiant white light they will meet ...
Amsterdam, June 1, 2016
Alex Polari of Alverga