Vila Céu do Mapiá
A vila Céu do Mapiá, fundada 1983, está situada nas cabeceiras do igarapé Mapiá, distando 30 km do Rio Purus, numa das áreas mais preservadas da Amazônia ocidental brasileira. Só é acessível por meio fluvial, descendo o Rio Purus e depois subindo o igarapé Mapiá por no mínimo seis horas. Nos primeiros tempos a subida do igarapé por canoa podia levar mais de um dia, dificultada pela grande quantidade de troncos caídos sobre se leito, devido à décadas de completo abandono.
À primeira vista, a comunidade tinha um futuro improvável, devido a dificuldade de acesso e pobreza do solo. Ao contrário do que se podia esperar a comunidade prosperou e hoje é um exemplo de assentamento e uma referencia de trabalho sócio-ambiental na região amazônica, apresentando maior qualidade de vida, de saúde e de educação, preservando a cultura amazônica.
Em 1990, com a aprovação da comunidade, o governo brasileiro criou a Floresta Nacional Purus numa área de 250.000 ha, tendo a vila do Céú do Mapiá como uma espécie de capital. A harmonia com o meio ambiente, preservando a floresta e sua bio-diversidade sempre foi o objetivo de Sebastião Mota de Melo, o Padrinho Sebastião, seringueiro, líder da tradição espiritual do Santo Daime e também principal incentivador desse retorno à convivência com a natureza amazônica.
Seu filho e herdeiro no comando da comunidade, Alfredo Mota de Melo, manteve e mesma atitude e crença no progresso com preservação ambiental e o amor à floresta, levando esse comportamento à outras regiões do Amazonas, como a do médio rio Juruá, buscando sempre renovar, na população, a auto-estima e a conscientização ecológica.
O trabalho espiritual com o Santo Daime somado às atividades sócio-ambientais da comunidade vem cada vez mais atraindo pessoas do Brasil e do mundo, num fluxo quase constante, principalmente nos meses de junho/julho e dezembro/janeiro, na época dos festivais, ou seja quando os ritos do Santo Daime ocorrem com maior freqüência. Existem inúmeros centros do Santo Daime espalhados pelo Brasil, como também no exterior, alguns já completamente legalizados, e outros em processo de legalização, todos fazendo o ritual na língua portuguesa. A vila do Céu do Mapiá também atrai pesquisadores e curiosos em busca da oportunidade de conhecer e estudar um lugar tão especial, no meio da floresta amazônica.