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Um momento privilegiado de união, dedicação, organização participativa, aprendizado, trabalho e iniciativa na irmandade do Padrinho Sebastião

Desde fevereiro de 2003, o Céu do Mapiá vive um momento muito especial, de grande mobilização popular, conquistando o coração tanto de seus fundadores e moradores veteranos quanto dos jovens e recém-chegados.

Tudo isso se deve ao Plano de Desenvolvimento Comunitário – ou PDC, para os íntimos – um processo de trabalho intenso que já conta, portanto, com um ano e quatro meses de atividade.

Como diz o nome, o plano serve para mobilizar a comunidade para que ela toda discuta e decida de que jeito quer crescer e se desenvolver. Esse processo visa, inclusive, cumprir uma lei: elaborar um Plano de Manejo, obrigação da comunidade perante ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), por estar dentro de uma reserva, a Floresta Nacional do Purus.


Oficina de Projetos realizada em 9 de junho: todas as reuniões do PDC
começam e terminam com os participantes cantando um hino, de mãos dadas

Como nasceu o PDC?

A necessidade de apoio técnico e financeiro para elaborar o Plano de Manejo levou o IDA-Cefluris a pedir ajuda à WWF, a maior e mais tradicional ONG ambientalista do planeta. Além de atender esse pedido, o WWF, em parceria com a AMVCM (Associação de Moradores da Vila Céu do Mapiá), convidou mais duas ONGs de reconhecida atuação na Amazônia – CTA (Centro de Trabalhadores da Amazônia) e Instituto Nawa – para ajudar na formação e capacitação das pessoas da própria comunidade que se envolveram no projeto, como agentes de desenvolvimento comunitário.

O que o PDC fez até agora?

Na primeira etapa de trabalho, durante o ano de 2003, foram feitas uma primeira rodada de reuniões de bairros e também as chamadas “oficinas de sonhos”. Nessas oportunidades, todos os moradores puderam colocar o que consideram os pontos positivos e os problemas do Céu do Mapiá, além de apresentar suas sugestões para solução desses problemas. Nas “oficinas de sonhos”, todos puderam também refletir sobre o que cada um imagina como o Mapiá ideal – o Mapiá de seus sonhos, enfim.


Esquete teatral representando o Mapiá dos sonhos de cada um,
apresentado na Assembléia Geral de 18 de abril

Esse exame geral da comunidade usou a imagem de um ponte – o meio que vai levá-la de seu momento presente a um futuro melhor para todos. Essa ponte seria formada por várias tábuas, cada uma representando um setor administrativo – organizando, assim, os debates e as frentes de estudo e de trabalho, com cada um dos participantes se dedicando à área de seu interesse.

Também durante 2003, várias ações concretas foram realizadas, trazendo os seguintes resultados:

  1. Levantamento de informações das instituições que atuam na comunidade: AMVCM e suas gestorias (saúde, energia, assistência social etc.), Escola Estadual Cruzeiro do Céu, Casa de Ofícios, Centro Medicina da Floresta, Santa Casa etc.
  2. Compra de computador e impressora para a AMVCM.
  3. Conserto do equipamento da Rádio Jagube.
  4. Financiamento de parte da revista “Céu do Mapiá 20 Anos”, editada pelo Governo do Estado do Acre.
  5. Fotos aéreas para estudo da Flona (Floresta Nacional) do Purus.
  6. Consultoria de advogados especializados em leis e direitos territoriais.
  7. Três Grupos de Ação formados por moradores: Manejo Florestal, Produção Agrícola e Saúde Ambiental.
  8. Cursos de marcenaria em Rio Branco para o Grupo de Manejo Florestal.
  9. Cursos do sistema de plantio ecológico conhecido como agrofloresta, com equipe do Parque Zoobotânico da UFAC (Universidade Federal do Acre).
  10. Exame e diagnóstico das condições do lixo, da água e dos esgotos na comunidade, feito pelo Grupo de Saúde Ambiental com apoio de assessoria técnica especializada.
  11. Aproximação com o Ibama.


Apresentação do quadro geral do Plano de Desenvolvimento Comunitário,
na Assembléia de 20 de junho

Já em 2004, as opiniões dos moradores colhidas no ano anterior foram todas reunidas – e levadas a novas reuniões de bairros, aprofundando o estudo. Essa etapa do trabalho atingiu seu momento mais importante numa grande assembléia realizada em abril. Nessa ocasião, foram apresentados todas as relações de pontos positivos, problemas e propostas de solução levantadas pela comunidade, divididos nas famosas tábuas. A partir daí, cada um dos presentes pode escolher a tábua na qual gostaria de trabalhar, resultando na criação de novos G.A.s, ou Grupos de Ação, além de trazer mais integrantes para aqueles que já existiam (veja abaixo a relação completa). Em seguida, foram criadas as Oficinas de Projeto, para que cada um desses grupos pudesse escolher os principais problemas a serem atacados e, para isso, elaborarem seus projetos, também contando com a devida assessoria técnica. Após revisão dessa assessoria, os projetos serão encaminhadas para possíveis financiadores. Os Grupos de Ação já estão, porém, trabalhando (alguns deles em fase adiantada), sem esperar por essa captação de recursos.

Grupos de Ação

1 Manejo Florestal
Reúne os trabalhadores nas áreas de serraria, carpintaria, marcenaria e artesanato em madeira. É, junto com Saúde Ambiental, um dos dois G.A.s que já elaborou projeto, estudando a criação de regras para extração de madeira na Floresta Nacional e organizando essa atividade na comunidade.

2 Saúde Ambiental
Reúne voluntários preocupados com o lixo e o saneamento básico (água e esgoto). É, junto com Manejo Florestal, um dos dois G.A.s que já elaborou projeto, propondo um sistema de coleta de lixo seletiva para a vila, junto a campanhas de educação ambiental, mais um estudo científico das condições locais de água e esgoto.

3 Produção Agrícola
Reúne agricultores interessados na organização comunitária da produção, incluindo planejamento anual e implantação de áreas de plantio. Sua forma de trabalho é inovadora, substituindo as antigas queimadas tradicionais do caboclo amazônico pelos sistemas ecológicos, mais modernos, de agrofloresta e agropraia.

4 Comunicação
Reúne a Rádio Jagube e o Telecentro Nova Idéia (centro comunitário de internet e computadores, em parceria com a rádio e a escola), mais interessados em ampliar a comunicação interna e externa da comunidade com outros meios e recursos.

5 Escola
Reúne os professores da Escola Estadual Cruzeiro do Céu, visando melhoria nas negociações com o governo, elaboração de Plano Político Pedagógico, mais capacitação de professores e oficinas de ensino técnico.

6 Assistência Social
Reúne voluntários interessados em fortalecer o serviço de assistência social comunitário, trazendo informações sobre programas públicos, captação de recursos e apoio em geral, para ajuda aos idosos e aos mais carentes, além de campanhas de educação familiar. O grupo conta, inclusive, com a participação das Madrinhas Sílvia e Dodô.

7 Energia
Reúne trabalhadores e técnicos locais interessados em criar um sistema ecológico de energia pública para a comunidade.

8 Doutrina
Reúne voluntários interessados na organização e manutenção da igreja e do feitio. O grupo já iniciou seu planejamento na Oficina de Projetos do PDC. O grupo é capitaneado pela Madrinha Júlia em pessoa.

9 Saúde
Reúne os trabalhadores da área de saúde na comunidade, visando a criação de um Plano de Saúde Comunitário e de uma Central de Recepção, Diagnóstico e Encaminhamento, integrando o Centro de Saúde, a Santa Casa e o Centro Medicina da Floresta e organizando o atendimento.

10 Arte, Lazer e Cultura
Reúne interessados em criar um centro cultural comunitário e em organizar atividades culturais e recreativas, como escola de música, capoeira e esportes.

11 Horta, Viveiro e Alimentos da Floresta
Reúne interessadas na criação de horta comunitária, viveiro de plantas comunitários e na utilização de produtos locais (em farinhas, compotas, biscoitos etc), para melhorar a qualidade da alimentação local e baratear o custo de vida.

12 Cooperativa
Reúne membros da Cooperar (cooperativa local) e outros interessados em sua estruturação e fortalecimento, dando escoamento à produção local, agrícola e não-agrícola, e agregando valor ao produto final.

13 Visitação, Recepção e Turismo
Reúne profissionais locais de hotelaria e interessados em organizar a recepção de visitantes no Céu de Mapiá e em Boca de Acre, lembrando que as regras de visitação à Floresta Nacional devem fazer parte do Plano de Manejo.

14 Agentes do PDC
Reúne os agentes formados pela assessoria técnica para organizar e facilitar as reuniões e outras atividades do processo, incluindo a ajuda aos G.A.s na elaboração de seus projetos.


O Grupo de Ação da Saúde Ambiental, em reunião para elaboração
de seu projeto, na oficina de 10 de junho

Se você quiser ajudar o PDC, ou algum desses setores de trabalho em especial, seja através de doações financeiras ou de equipamentos, ou porque tem experiência técnica-profissional na área, seu apoio é mais do que bem-vindo!

Pedimos também que divulgue as informações acima em sua igreja.

Informações sobre como participar:
Associação de Moradores da Vila Céu do Mapiá: (97) 457-1005
E-mail Grupo de Comunicação PDC: gcmapia@uol.com.br


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