Versão Integral da Entrevista
com Maria Alice Campos Freire
Acabamos de ouvir uma palestra sua só sobre os
florais e o Centro Medicina da Floresta. Então, agora queríamos que você falasse mais
sobre o Daime.
Foi no Daime que eu recebi minhas
próprias curas. Ele trouxe a consciência. É a consciência que cura mesmo, né? Sem a
consciência não existe a cura verdadeira. E o Daime é que trouxe a consciência, o
auto-conhecimento é a tudo isso também que a gente se refere nessa pesquisa de
cura com as plantas. Aquela matriz original a que a gente se refere dentro do nosso
trabalho com as plantas, com os florais.
O Daime veio revelar isso em nós mesmos: a nossa própria matriz original, o nosso eu, o
nosso auto-conhecimento, a compreensão de tudo que aconteceu, por que chegamos aonde
chegamos, para que lado vamos e qual é a direção todo o sentido de tudo foi o
Daime que trouxe. Porque antes era apenas uma intuição que a gente tinha, que ia
procurando até chegar nesse ponto que o Daime revelou.
Então hoje já se tornou uma coisa mais clara para nós todo o significado de tudo: da
nossa vida, da nossa saúde, da nossa missão também, de transmitir isso para as outras
pessoas, auxiliá-las nessa compreensão.
A cura espiritual passa pelo auto-conhecimento.
É isso que você está dizendo?
Ah, é! Porque se não tiver a
consciência, é difícil se curar. É preciso conhecer, ser paciente para a cura ser
duradoura. Porque senão você anda pelos caminhos e se distancia novamente; pode se
distanciar muitas vezes da sua meta se você não tiver a memória, a consciência de quem
você é, de onde vem, de que veio fazer aqui, do que está fazendo aqui e qual é a sua
direção. Então, essa cura espiritual tem que passar por esse estudo, né? E esse estudo
o Daime traz, ele apresenta.
Como já estamos dentro do Daime, dentro dessa luz, temos condição de trabalhar mesmo
sem o Daime na cura dos outros, porque o Daime já está aparelhado em nós, então
podemos ter essa visão das pessoas e auxiliá-las porque nem todos são chamados
para o Daime, né? Talvez nem todos possam também suportar essa consciência, ainda não
estão no ponto de suportar essa consciência então vão utilizar muitas outras
terapias, processos e procedimentos. Mas em nós essa consciência já está, né? Por
isso é que vamos ter essa capacidade de ajudar os outros. Agora, se eles puderem tomar
Daime, melhor ainda.
E a questão da mediunidade? Muita gente chega no
Daime e trabalha isso de uma maneira intuitiva, sem saber o que está acontecendo, e às
vezes passamos por alguns apuros que talvez fossem mais fáceis de superar com algum
embasamento, algum tipo de instrução.
Eu acho muito importante a pessoa
desenvolver o estudo dessa instrução, porque o Daime abre esse estudo para todas as
pessoas mas abre espiritualmente, né? Então, muitas vezes num plano material, no
aparelhamento daquele estudo espiritual dentro da consciência material da pessoa, nem
sempre é fácil conseguir aparelhar tudo aquilo e ter aquela compreensão no plano da
matéria, da mente e do comportamento e tudo isso.
Então, eu acho muito importante a gente trabalhar com a instrução daqueles que já
estudaram, porque já existe muito conhecimento revelado, inclusive pelos canais
espirituais, mediúnicos. Existe muita literatura e muitas práticas que podemos
desenvolver. O Daime mesmo nos dá instruções nesse sentido; e os nossos próprios guias
dentro do Daime também nos dão instruções nesse sentido, então só nos resta mesmo é
praticar, né? Eu moro no Céu do Mapiá há doze anos e desde que cheguei lá venho
trabalhando sistematicamente dentro disso, porque foi o próprio Padrinho Sebastião quem
me ordenou e me instruiu (e ainda hoje me ordena e me instrui!) no sentido de trabalhar.
Porque essa é a vontade mesmo, né? Cada um tem a sua missão.
A minha missão está ligada a esse aspecto mediúnico, porque eu cheguei com esse dom.
Já passamos por muitos estágios dentro desse trabalho: antes de chegar no Daime eu já
trabalhava na linha de umbanda e na Mesa Branca espírita. Eu fui formada dentro do
espiritismo e da umbanda. Dentro desses estudos eu desenvolvi meu aparelho até um certo
ponto. Dentro do Daime é que esse ponto se elevou. Mas foi muito importante que eu já
tivesse essa formação para poder receber a luz do Daime e evoluir dentro dela, entendeu?
Quando eu cheguei no Mapiá, que o Padrinho Sebastião mandou eu ir para a mata, abrir uma
clareira lá junto com o Vô Corrente, para poder chamar os caboclos para curar os
doentes, aquilo me surpreendeu, porque eu pensava... Não só pensava, como disse a ele:
"Mas, Padrinho, para que o senhor precisa de caboclo? O senhor já tem tudo: já tem
a Luz, a Verdade, a Justiça, a Sabedoria, o Amor, tudo na sua mão". Ele disse:
"Mas eu preciso dos caboclos, minha filha! Porque meu povo não tem capacidade de
acompanhar a luz do Daime e os caboclos é que vão me ajudar, porque vão me ajudar a
limpar o canal do meu povo, para o meu povo poder acompanhar a luz do Daime.
Então, essa clareza ele me deu mesmo da dimensão exata daquele trabalho foi
então que eu vi. Conforme foi para mim, que os caboclos fizeram esse serviço comigo,
dessa limpeza, desse aparelhamento, dessa compreensão, dessa caridade. De tudo isso que
é um bê-a-bá muito simples: a pessoa se entregar ali na mão daquela entidade, aquela
entidade vir aparelhar para fazer a caridade e tudo aquilo, né?
O trabalho com o pensamento, a fé, tudo isso que é o bê-a-bá da história: a fé, a
entrega, a caridade; a humildade que é preciso ter, porque se a pessoa se engrandece,
aparelha outras coisas que não são os guias de cura, que são aqueles trapaceiros,
aqueles embusteiros que vêm. Todo esse bê-a-bá a pessoa já recebe dentro da formação
espírita, na linha da mesa que eu trabalhei muito, com a psicografia e tudo isso. A
pessoa recebe muita instrução mesmo sobre a vida espiritual, o mundo dos espíritos, das
almas, das encarnações, das reencarnações, do carma; de como as entidades trabalham,
auxiliam... A pessoa já tendo aquela instrução de base, quando entra no Daime, que o
Daime apresenta mesmo aquela verdade toda, ela já tem mais condições no plano material
dela para poder lidar com tudo aquilo.
O Padrinho também tinha isso, também se desenvolveu numa banca espírita, já trabalhava
com os guias dele de cura antes de chegar no Daime então ele tinha essa clareza,
de como isso facilita a vida da pessoa dentro do Daime. Quando ele me chamou, me convidou
para eu ajudar, foi nesse sentido mesmo, dando a dimensão exata do trabalho, né? Porque,
por outro lado, o que é muito importante que o Daime nos ensina é que, na verdade, tudo
isso são processos, alianças e missões também que a gente traz com esses guias, com
essas entidades porque muitas vezes a pessoa vai dentro do Daime se conhecer, vai
saber que já tem relação com aquelas falanges e entidades de outras vidas, então já
traz de outro tempo aquela missão. De repente, já é um irmão também daqueles guias
que estão ali trabalhando com ele, de outra vida, de outro tempo. Tudo o Daime vai nos
ensinar, a aparelharmos o nosso Eu Verdadeiro, o nosso Eu Superior, que é o principal e
único verdadeiro aparelhamento que devemos conservar para sempre, né? O resto, são tudo
alianças espirituais.
É isso que eu acho muito importante deixar bem claro dentro desse trabalho. No ponto em
que estamos no Mapiá, praticamos nossa escola mediúnica dentro da Santa Casa, que é o
nosso espaço de cura do Daime, ao mesmo tempo das curas da matéria, mas da cura do Santo
Daime. Ali nós trabalhamos com o Santo Daime, internamos pessoas doentes que se tratam
com o Santo Daime e com as medicinas da Floresta e também com todo tipo de
terapia, é uma casa holística. Mas também é nossa escola mediúnica, onde fazemos
trabalhos de formação e desenvolvimento: temos grupos mais atrasados, outros mais
avançados, e estudamos também as literaturas espíritas; e com a prática do Daime e
tudo isso, a gente vai se desenvolvendo. Já temos também equipes mais desenvolvidas, que
já estão trabalhando, atuando seus guias para curar, para dar passe nos doentes, para
aparelhar os médicos espirituais que trabalham mesmo, fazem operações... Mas são
estágios variados.
No fim de tudo, quando a corrente está bem formada, bem desenvolvida, bem educada
porque é uma questão de educação também, espiritual, né? a gente não precisa
sair do canto. Basta ficar sentadinho ali, concentrado, que todos os guias vêm e
trabalham e fazem tudo que têm para fazer com nós tudo sentadinho ali, aparelhando tudo
só na nossa mente, no nosso coração a não ser em casos assim bem específicos,
em que é necessário o passe mediúnico, porque aí é uma coisa energética que se torna
necessária, então a pessoa tem que aparelhar no nível da incorporação, para ir lá
dar o passe, porque aquela pessoa está precisando daquilo mesmo, né? Ou, então, também
certos casos em que as pessoas estão possuídas por espíritos sem luz e toda essa
qualidade de coisa; e o único processo que vai ser viável, que vai ajudar é a pessoa
incorporar aquelas entidades obscuras.
Tem casos em que elas necessitam passar dentro de uma matéria consciente, iluminada, para
poderem atingir outro plano. A gente pode iluminar os espíritos sem precisar
incorporá-los, mas é preciso ter esse grau. Quem não tiver esse grau, vai adquirir
aprendendo a aparelhar. Tudo isso são partes da escola mediúnica.
A nossa Mesa Branca é um trabalho oficial em que essas práticas já estão ordenadas,
sistematizadas dentro de uma proposta mesmo da nossa Doutrina mas para que possamos
ter um desempenho favorável na Mesa Branca e aquele trabalho ter a sua finalidade bem
alcançada, temos que estar sempre nos preparando, temos que estar sempre dentro da
romaria, aquela romaria que a gente quase todo dia está praticando, se estudando, se
desenvolvendo, se reunindo para desenvolver, trabalhar, estudar. Isso tudo é muito
importante. Porque a mediunidade é um dom, mas é preciso que aquele que possui o dom, o
abrace, como diz na mensagem do Dr. Bezerra: que abrace o dom e a sua finalidade, né?
Porque se aquele dom não for empregado para o objetivo que ele trouxe para a vida
material, se torna até um pouco de doença, porque os hospícios estão cheios de
médiuns que não trabalharam; e também os hospitais estão cheios de doentes e de
doenças horríveis, que são médiuns que não utilizaram seu dom com a finalidade que
trouxeram para a Terra.
Então, a mediunidade é uma questão muito importante dentro do Daime não
adianta, né? Muitos irmãos daimistas têm dificuldade, têm preconceito, têm
ignorância, muita ignorância todos nós temos muita ignorância a respeito desses
assuntos, né? Então falam coisas que não procedem. Mas o Daime já fala por si mesmo,
porque chega na pessoa e abre esse canal. Então, é preciso estudar para poder
acompanhar.
Queria aproveitar, então, e pedir para você
fazer uma classificação e uma explicação, trocando em miúdos essas várias categorias
de trabalho de Cura, Estrela, São Miguel e Mesa Branca. Quais são os degraus, a ordem
que se deve percorrer, a periodicidade que se recomenda fazer esse tipo de trabalho -- dar
uma geral nessa linha de trabalho dentro do Daime.
Vou tentar, né? Lá no Mapiá
também a gente passa por ciclos diferentes. Teve uma época, no tempo que o Padrinho
estava encarnado ainda, que a gente trabalhava muito na Estrela, trabalhava direto na
Estrela. O trabalho da Estrela é um trabalho assim bem evoluído, onde a pessoa já vai
apresentar o serviço. É um trabalho de Cura aberto para as passagens de muitas falanges
de todas qualidades e já é o exercício mesmo daquela cura, a manifestação e o
processamento. Como o Padrinho tinha uma evolução tão superior de seu espírito na
matéria, seu aparelho já era tão desenvolvido, ele dava aquela marca na corrente. Ele
era tão desenvolvido que a presença dele material imprimia um nível no trabalho que,
depois que ele passou, ficou mais difícil de encontrar. Por isso também naquele tempo a
gente fazia trabalho de Estrela direto porque o Padrinho já dava aquele rumo. Hoje
em dia, tudo mudou muito, porque a irmandade cresceu muito. A missão do nosso dirigente
hoje também aumentou muito o serviço, né? E a necessidade de formação, porque também
chegou muita pessoa despreparada, né?... Chegaram também outros preparados, mas muitos
despreparados, então eu sinto que o tempo mesmo trouxe a necessidade de diversificação
dos trabalhos. Que já naquela época o Padrinho foi quem abriu e mandou criar esses
trabalhos de formação.
O Padrinho Alfredo também: ele recebeu o trabalho de São Miguel, um trabalho muito
importante de limpeza da corrente espiritual limpeza espiritual, que tem a ver com
as demandas, as obsessões, essas coisas todas. Ele vai trabalhar na limpeza de tudo isso
e dos nossos comportamentos, da nossa relação com o eu de cada um, com tudo
aquilo que nos acompanha. Então, é um trabalho da Doutrina mesmo. O trabalho de São
Miguel é um trabalho de limpeza já no nível da Doutrina mesmo. No regime que estamos
lá no Céu do Mapiá... Nem sempre acontece assim, mas temos estabelecido entre o
Padrinho Alfredo e nós, da equipe de cura, mais ou menos que devemos fazer um trabalho de
São Miguel e duas Mesas Brancas por mês. Isso não é uma rigidez, porque às vezes a
gente vai e faz outros trabalhos e não faz aqueles, às vezes tem muitos hinários, às
vezes a gente resolve fazer aquele trabalho de Cura tradicional. A necessidade é que traz
cada coisa, né?
Então, os trabalhos de Estrela já não são tão freqüentes porque agora já fica mais
diversificado, né? A Mesa Branca é uma formação para um bom trabalho de Estrela
e dentro dela temos o trabalho de Cura também: cantamos hinos de cura. Mas o trabalho de
Cura completo é o hinário completo de cura, que é todo uma concentração absoluta
também é um trabalho muito importante que, dependendo do caso que aparece, a
gente vai optar por ele. A gente faz aquele grupo de doentes e diz: "Não, agora esse
grupo de doente aqui já é mais... Vamos fazer um trabalho de Cura concentrado...",
né? Tem as Concentrações do Mestre Irineu, que são também trabalhos de Cura, que se a
gente estiver bem limpinho, não precisa de mais nenhum trabalho de cura: só na
Concentração mesmo a gente já se cura, né? Não acontece assim porque mesmo que a
gente, individualmente, possa até estar caprichando e se limpando, trabalhamos dentro de
uma corrente e essa corrente absorve todas essas impurezas porque é da missão
absorver a impureza, né?
No Mapiá, atualmente, temos então a Santa Casa como
sede da escola preparatória das equipes de cura onde temos nossos trabalhos de
desenvolvimento de nível básico (é nas madrugadas que a gente faz esse trabalho) e os
trabalhos dos grupos mais avançados, que já aparelham, estudam os livros tudo
isso já é preparação. Aí, nós temos trabalhos de Cura, atendimento direto na Santa
Casa com o Daime, atendimento aos doentes, trabalhos com os guias, com o Dr. Bezerra de
Menezes e sua falange, com caboclos, entidades... Mensageiros de São Miguel, que já é
outra falange que desce para trabalhar, muito poderosa... Tudo isso na Santa Casa, aí
isso tudo é preparação. Aí, quando chega no dia 27, na Mesa Branca, ali nós vamos
fechar os trabalhos que foram abertos na Santa Casa, fechar os trabalhos de atendimento
assim com os médicos e tudo mais.
Nós vamos também trabalhar no desenvolvimento de uma corrente mais ampla, porque ali já
é geral, já é um trabalho oficial, vai todo mundo para a igreja. Que na Santa Casa só
vai aquele grupinho que está se formando: os que vão procurar cura e os que vão se
formar para ajudar na cura deles. E na Mesa Branca não: já é um trabalho aberto para
toda a comunidade, então aí já é um trabalho que exige muito mais dos aparelhos
e o trabalho de São Miguel mais ainda. O trabalho de São Miguel já é no nível de uma
perfeição superior ainda, que para a gente desempenhar um trabalho de São Miguel bem
desempenhado, se nós tivermos a boa formação da Mesa Branca, então é que nós podemos
desempenhar um São Miguel bem desempenhado, porque na Mesa Branca já tem o
desenvolvimento: já se permite à pessoa manifestar mesmo. É para manifestar, não é para ficar recolhido só aqueles que já se
acham bem, trabalhando numa boa com seus guias recolhidos, podem ficar recolhidos, mas a
chamada é para a manifestação e a manifestação é para o conhecimento, né?
O trabalho de Estrela também depende da situação. Tem
situação que a gente avalia e resolve fazer um trabalho de Estrela, porque aí já vai
entrar várias outras coisas. É o trabalho mais aberto que tem dentro da igreja, é o
trabalho de Estrela, que vai trabalhar com qualquer tipo de falange, com as falanges
também dos espíritos da Terra, dos exus... Tudo isso cabe dentro do trabalho de Estrela.
Cabe! Tem espaço para tudo. E tudo tem encaminhamento, tem finalidade, tem compreensão
dentro do trabalho de Estrela. Então, é trabalhar com os espíritos sofredores, com as
falanges dos mensageiros da Terra, que são os exus; trabalhar com caboclos, guias do
Oriente, entidades crianças, qualquer tipo de entidade... Pretos velhos, outras
qualidades de curador, de todas as falanges diferentes, e outras linhas que não são de
incorporação, que já são mais esotéricas: tudo, tudo, tudo tem passagem dentro de um
Trabalho de Estrela.. ou não. Depende do que está acontecendo. Mas o trabalho mais
aberto que tem é o trabalho de Estrela e a Mesa Branca. Só que a Mesa Branca
trabalha com chamada.
É um trabalho didático, uma escola: vai chamando por linha. Chama uma linha, depois
manda embora; chama outra, manda embora; chama outra... Então é um trabalho didático,
uma escola. Lá nós temos o dia 7 e o 27. O 27 é o trabalho de Cura que as entidades e
os aparelhos já desenvolvidos trabalham para apresentar atendimento de cura. E o 7 é a
cura do corrente, o desenvolvimento da corrente então muitas vezes a gente opta por
fazer um trabalho de São Miguel, porque não dá tempo, né? É tanto trabalho: o 7, o
27, o 15, o 30, o São Miguel, mais os hinários todos... Aí a gente opta, quando fica
apertado o tempo, pelo São Miguel no dia 7 porque ele cumpre essa finalidade. Quando é a
Mesa Branca do dia 7, é mais... A gente fala, os guias vêm e falam, dão explicação,
é mais didático ainda aquele desenvolvimento. Aí mexe nas pessoas, entendeu? São
nuances de trabalhos diferentes.
Na Santa Casa tem os trabalhos de terreiro também, que fazem parte da instrução da Mesa
Branca. Porque aí é o desenvolvimento das entidades, da incorporação, trabalho muito
importante também para ensinar os aparelhos a aparelhar, porque essa que é a
dificuldade, né? O aparelho não sabe aparelhar às vezes nem a força do Daime. A força
chega e a pessoa se desestrutura, né? Então, nos trabalhos de terreiro é que aprende o
aparelhamento, a limpeza, muita coisa. Ali também há muito despacho de energia pesada,
no terreiro, na instrução porque essa execução cabe dentro de um trabalho de
Estrela. Toda aquela execução que acontece no terreiro, dentro de um trabalho de Estrela
também cabe, só que já num outro nível, mais aprimorado. Não é para o cara estar
derrubando as cadeiras, nem se batendo nas paredes dentro de um salão, né? Por isso é
que precisa passar no terreiro, para polir o aparelho.
Está muito bom! Eu só queria completar
perguntando sobre duas coisas que você falou: os trabalhos de madrugada e os livros.
Queria que explicasse qual o motivo específico para os trabalhos serem feitos de
madrugada, lá pelas 4 da manhã; e que indicasse os principais livros para começar no
estudo dessa literatura que você citou.
Nós sempre trabalhamos de
madrugada, desde que cheguei no Mapiá, porque o Padrinho também já se levantava 2
horas, 2 e meia da manhã... Mas sabe que esse é um horário positivo para a pessoa
trabalhar, né? Aquelas horas de 3 até 6 horas da manhã que antecedem o
nascimento do Sol têm uma força positiva muito grande para a pessoa trabalhar. É a
melhor hora que existe para a pessoa trabalhar, é de 3 da manhã até as 6. Então já
temos esse costume. Também lá a gente diz: "É bom marcar o trabalho 4 horas porque
já vê logo quem está interessado mesmo: é aquele que vem, né? Porque se o cara tiver
com pouco interesse ou coisa assim, fica dormindo. Mas é porque é um horário muito
positivo mesmo, dentro do magnetismo do planeta, para poder trabalhar... E os livros
variam. A gente tem estudado muita coisa. Sempre teve os estudos de Kardec, assim foram
estudados os Evangelhos, "O Livro dos Espíritos", esses livros assim. Mas é
uma linguagem difícil para os nossos caboclos, né? E também já tem muita coisa nova,
mais evoluída, mais atualizada dentro da evolução. Mas os livros do Allan Kardec são
um bê-a-bá importante. Nós estudamos também esses livros psicografados, que vêm dos
espíritos que já são guias que zelam as casas de cura no Astral, como é André Luiz,
como é Miranes entidades zeladoras de clínicas no Astral onde se curam os
espíritos. Tem muitos livros escritos por André Luiz e Miranes, muitos como
também das falanges de Emanuel , tem muita instrução positiva nesse sentido. Tem
muita coisa boa. Estudamos um livro muito bom da falange de Emanuel, que deu essa
instrução sobre passes e curas.
Agora estamos estudando, com nosso grupo mais avançado, uma coisa muito maravilhosa, um
estudo bem mais avançado que é o estudo do desdobramento, um outro nível de
trabalho mediúnico, mais elevado, que combina mesmo com a proposta do Daime. Você vai
aonde quiser, se desdobra em um, em dois, em três, anda no tempo e no espaço e
fica ali quietinho no seu canto, ninguém nem sabe por onde você anda. E isso dentro de
uma corrente é uma coisa maravilhosa, tem muito poder. O Daime sempre nos coloca dentro
desse estudo. O problema é a pessoa entender aquilo, né? Então temos uma literatura boa
que estamos estudando sobre isso, que vem da linha do Dr. Lacerda (Dr. José Lacerda de
Azevedo) e Dr. Ivan, uns homens lá do Rio Grande do Sul. Eu já fui nessa casa uma
vez visitar, para conhecer a sessão deles, né? Eles têm muitos livros e fitas gravadas
com palestras e tal, sobre esse trabalho que eles desenvolveram, que se chama apometria.
Eles têm toda uma sistemática desse trabalho, até com fórmulas e tal
impressionante! Mas é a respeito do desdobramento mediúnico, que é o grau mais elevado
do trabalho mediúnico, então esse aí é o tema que estamos estudando agora em nossa
equipe mais adiantada. E os próprios guias da Mesa Branca eles vêm trazendo as
mensagens, né? Os guias dão muita mensagem...
Tem muita coisa boa escrita na linha dos livros psicografados, também revelando os
mistérios da umbanda, dos pretos velhos, os mistérios dos exus. Tem muita coisa boa
escrita, muito material mesmo para a gente estudar. "A Umbanda, Essa
Desconhecida" é um livro muito bom...
De Sarraceni, né?
Sarraceni, é... Pois é, muito bom! Revela tanta
coisa para a gente, tanta informação importante sobre a vida mesmo das hierarquias, como
são organizadas as Hierarquias das falanges e tudo isso. Muito importante. Porque esse
povo da linha antropológica é outra coisa: são as interpretações, é
outra onda. Agora, tem os livros que são dos
espíritos mesmo, que vêm e trazem aquela revelação, é outra coisa. É o mistério.
São as revelações dos mistérios. Porque tudo são os mistérios, né? Porque nós
temos a linha da umbanda, que chegou para ajudar, que foi chamada mesmo, né? Foi chamada
para vir ajudar e também a linha de Jurema, que é outra linha, semelhante à
linha da umbanda, mas que é do povo da mata e que tem todas suas hierarquias, seus
fundamentos, seus mistérios, todas suas coisas outras, diferentes. É que dentro
dessa nossa linha que trabalhamos, que é essa linha de São Irineu, está reunido tudo
isso. Todos esses e outros mistérios estão reunidos dentro dessa linha, que é a Linha
do Saber Universal.
O Santo Daime em tudo se soma.
É! Então tem a linha de Jurema, tem a linha de
Umbanda e todas as outras linhas... A Linha do Oriente, as linhas do Universo
mesmo, de outras galáxias, que chegam... Dentro da nossa banca chega tudo, chega mesmo
coisa que a gente nunca imaginou, nem ninguém nunca escreveu a respeito. Ainda vai ter
que alguém escrever a respeito.
(Celso cita Ramatis)
Pois é, Ramatis é um que chega na nossa banca.
Ramatis é muito maravilhoso. É muita coisa que tem, né? Mistério é o que mais tem,
para a gente conhecer. |