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Mensagem do Editor
Ventos do Planalto e a Questão
Religiosa
Na
condição de Diretor da Igreja do Culto Eclético,
estive hoje com o Deputado Fernando Gabeira, expondo a nossa questão
legal e explicando as dificuldades que se acumularam os últimos
tempos em relação a remessa do nosso sacramento até
as nossas filiais no exterior.
Como
todos sabem, desde a última resolução do CONAD ao
apagar das luzes do governo passado, muitas coisas ficaram um tanto confusas,
suscitando questionamentos e entraves burocráticos que já
julgávamos superados, principalmente em escalões intermediários
da ANVISA, DPF, etc.
Esta
resolução, do dia 30/12/2002, foi uma espécie de
resposta ao questionamento feito pelo deputado João Magno no Plenário
da Câmara no início do mes de dezembro.A resolução
tem um lado positivo pois prevê a criação de um Grupo
de Trabalho com a participação de diversas agências
, ministérios do Governo e as entidades usuárias do SANTO
DAIME/ AYAHUASCA , com o objetivo de regulamentar de forma definitiva
e em detalhes o uso ritual e religioso da Bebida sacramental, desde a
produção, transporte, distribuição, condições
sanitárias, manejo das espécies e remessa do sacramento
para as filiais em países onde o sacramento já foi liberado
e reconhecido como uma prática legal.
Mas
por um outro lado a resolução criou uma certa confusão
e retrocesso, pois a sua redação incorpora como proibições
algunas recomendações do antigo CONFEN referentes ao uso
do sacramento para menores e também em relação ao
envio do sacramento para as filiais do exterior que já foram autorizadas
a funcionar naqueles países.
Estamos
no momento preparando um documento, apontando as falhas e indicando as
consequências nocivas que estas interpretações errôneas
contidas na resolução do CONAD podem causar.No caso dos
menores, mesmo considerando todos os cuidados que o assunto exige, como
considerar o direito `a liberdade de nossa religião se não
pudermos transmitir nossa cultura e nossa espiritualidade para nossos
filhos? Isto não é condenar uma cultura ao extermínio?
Isto
sem dúvida é um contra-senso do nosso ponto de vista.É
um exemplo de como é falho e pernicioso o ponto de vista de considerar
o sacramento uma droga. Por mais que isto já tenha sido superado
em dezenas de estudos e pesquisas e inclusive por decisões judiciais,
este preconceito ainda se infiltra em algunas esferas dos órgãos
públicos que tratam da nossa existência.Só isto explica
as dificuldades que ainda perduram.
Pensamos
também em começar a trabalhar numa nova hipótese,
qual seja, a criação de uma instância governamental
e interministerial, que trate especificamente das questões religiosas,
intereligiosas e ecumênicas , das minorias e das tradições
enteógenas. Que este fosse o novo fórum para regularizar
e institucionaizlar os diversos aspectos do nosso trabalho e da nossa
vida religiosa.Algo mais preparado para este tema do que o órgão
encarregado juntamente com a Polícia federal a desenvolver a prevenção
e a repressão `as drogas.Quando o nosso assunto deveria ser uma
questão de História, de Antropologia, de Religiões
comparadas, direitos humanos e civis.
Consideramos
esta vinculação um legado de um outro tempo já superado.Apesar
do nosso bom relacionamento com o SENAD e da disponibilidade e o interesse
de manter o diálogo, precisamos criar um outro enfoque para tratar
das tradições religiosas enteógenas, como a nossa.
Para
fortalecer este direito e esta convicção pela qual estamos
lutando, tivemos recentemente uma decisão inédita da Justiça
Federal do RJ, reformando sentença em primeira instância,
baseada no laudo de uma perita que disse em outra palavras “lamentar
que a constituição permita a nossa existência legal”.
É lamentável qua ainda hoje, decisões administrativas
e sentenças sejam tomadas tendo como base a desinformação
, o preconceito e o despreparo por parte de funcionários e burocratas
do escalão intermediário dos diversos órgãos
que cuidam do nosso caso que insistem em ignorar as decisões anteriores
do antigo CONFEN e os 17 anos de conduta responsável das entidades
religiosas usuearias do sacramento na adimistracão do chá
em seus rituais.
Mas
estamos esperançosos que os nossos ventos do planalto soprem favoráveis
para a realização de nossas esperancas e conquistas. Afinal
de contas, nosso país não apenas está dando um exemplo
de maturidade democracia para o mundo, como também de respeito
e tolerância religiosa.
Brasília, 16/04/2003
Alex Polari
Editor-Chefe do WebSite
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