Padrinho Alfredo
Alfredo Gregório de Melo nasceu no dia 7 de janeiro de 1950 no Seringal Adélia, Vale do Juruá, sendo o segundo filho de Sebastião Mota de Melo e Rita Gregório.
Ainda adolescente, acompanhava o pai, juntamente com seu irmão mais velho Waldete, nos trabalhos do Alto Santo com o Mestre Irineu. Eram longas caminhadas de quase cinco horas de duração para sair da Colônia Jarbas Passarinho até a Custódio Freire e chegar na sede do Mestre Irineu no Alto Santo. (aqui poderia caber a foto dos dois com o Mestre)
Quando Sebastião Mota iniciou os trabalhos na Colônia Cinco Mil, com um grupo de famílias de colonos que se agrupara em torno de sua figura carismática, seu filho Alfredo foi um dos seus principais auxiliares, demonstrando desde muito cedo seus dons espirituais.
Mostrou logo sua capacidade de liderança e dotes administrativos, motivo pelo qual, ainda em vida do seu pai, foi escolhido por este para ser o seu sucessor espiritual, secundado pelo irmão Waldete. Teve também importante papel na construção da comunidade e já na década de 1970, foi alçado no cargo de administrador geral. Foi um dos grandes animadores do ideal comunitário e o braço direito de Sebstião Mota quando da transferência do povo da Colônia Cinco Mil para o Rio do Ouro e dali para o Mapiá.
A partir do começo da década de 80, Alfredo Gregório esteve à testa da implantação da comunidade no Rio do Ouro, onde esta permaneceu durante dois anos. Foi em sua gestão que se consolidou o crescimento do movimento daimista por muitas cidades brasileiras.
Foi neste período de viagens entre a Colônia Cinco Mil e a implantação do Rio do Ouro, que Alfredo desenvolveu seus dons espirituais natos e consolidou sua liderança espiritual. Data desta época os célebres trabalhos de São Miguel que deram origem ao ritual do mesmo nome, numa época em que se estavam firmando os estudos mediúnicos abertos pelo Padrinho Sebastião e a comunidade da Cinco Mil passava por um grande apuro.
Em 1984, abriu-se a oportunidade para que ele realizasse sua primeira viagem ao sul do país, percorrendo milhares de quilômetros em visita as igrejas que se formavam, a bordo de uma velha Toyota recém doada. Esteve também no INCRA em Brasília levando várias cartas de apresentação e apoio das autoridades, quando da sua visita em 1982 ao Rio do Ouro. Tempos depois, a mando do Ministério do Interior, técnicos do INCRA voltaram a visitar o Mapiá nos idos de 1986 , reconhecendo a inegável realização comunitária da Vila. Eles opinaram pela necessidade da criação de uma Associação de Moradores ou de uma Cooperativa para respaldar a reivindicação apresentada pelos representantes da comunidade, no sentido de conseguir a legalização das terras em seu nome.
Foi a partir deste parecer que foi a fundada a Associação de Moradores da Vila Céu do Mapiá (AMVCM) em 1987. A Associação, que teve na figura de Lúcio Mortimer um dos seus grandes incentivadores, passou a representar a comunidade, realizar contatos a nível de governo, encaminhar as muitas demandas da população e a administrar o dia-a-dia da vida comunitária, funcionando nos moldes de uma pequena prefeitura.
Carpinteiro de formação, Alfredo deixou sua contribuição em praticamente todas as obras de vulto realizadas na Vila. Em 1987, diante da constatação do crescimento da visitação da irmandade das igrejas do sul, liderou os demais carpinteiros na construção da atual Igreja, uma obra desafiadora diante das precárias condições técnicas do lugar. A igreja deveria abrigar 600 pessoas bailando e foi erguida em formato hexagonal, com 26 metros de diâmetro, tendo uma coluna central de sustentação de 17m de altura, constituída de uma imensa peça de castanheira. Atualmente comanda a construção de um novo templo, ainda maior, para acomodar uma irmandade que tende a crescer cada vez mais.
Na década de 90, após a passagem do seu pai, patrono e fundador da Igreja, Alfredo Gregório assumiu de direito aquilo que já vinha exercendo de fato: a liderança espiritual do movimento do Santo Daime, a vertente originária do tronco do Mestre Irineu Serra e que seguiu o desdobramento dado pela liderança do Padrinho Sebastião. Juntamente com a sua mãe , a Madrinha Rita e Waldete Mota de Melo, seu irmão mais velho, compuseram o trio que ainda respondem pelo comando doutrinário, assessorados pelo Conselho Superior Doutrinário, escolhidos entre os membros mais antigos e capazes da Igreja.
Em meados dos anos 90 realizou-se a primeira comitiva que percorreu o Brasil e logo em seguida o exterior, levando grupos de músicos e cantores, realizando trabalhos que conquistaram o apreço de buscadores espirituais de todas as partes do mundo. Foi a partir esta época que se formaram os núcleos daimistas na Holanda, Espanha, Itália, Bélgica, Estados Unidos, etc.
Lider espiritual inconteste, conhecedor profundo da doutrina e da floresta que tanto ama, o Padrinho Alfredo acumula o cargo de diretor executivo da ICEFLU, presidente do Conselho Doutrinário da Igreja e secretário geral do INSTITUTO CEFLURIS. Seu maior objetivo agora, além do acompanhamento dos diversos núcleos e igrejas no país e no exterior, é o trabalho voltado para a própria Floresta Amazônica. Buscando realizar o sonho de seu pai, retornou ao seringal Adélia no vale do Rio Juruá, onde ambos nasceram. Aproveitando a rica experiência na gestão do Céu do Mapiá, empenhou-se na construção da Vila Ecológica Céu do Juruá e no melhoramento de outras comunidades nos munícipios de Cruzeiro do Sul e Rodrigues Alves, no Acre, e Ipixúna, no Amazonas.
Seu hinário, denominado de O Cruzeirinho, é uma continuação do Hinário do Justiceiro do Padrinho Sebastião e se caracteriza por uma musicalidade mais moderna e uma inspiração direta na Natureza. Muitos hinos cantam louvores `a Mãe Terra numa linguagem bastante poética e de grande simplicidade. A última parte do seu Hinário, denominada de a Nova Era, abre esta nova fase na nossa Doutrina e coincide com o início da criação das novas comunidades no Vale do Juruá. Mais recentemente ele abriu um terceiro hinário denominado “Nova Dimensão.”
Depreende-se dentro desta novo hinário uma forte ligação entre a mensagem espiritual e a questão ambiental e planetária, o alerta para a preservação da floresta e uma relembrança constante das profecias acerca dos perigos da reação da Natureza diante da constante ação predatória do homem exercida contra ela.
Atualmente o Padrinho Alfredo divide seu tempo entre sua grande casa no Mapiá que abriga além dos 13 filhos, netos , noras , agregados e afilhados e suas constantes viagens pelo Brasil e pelo mundo. Juntamente com seus auxiliares mais diretos, continua em franca atividade na direção das diversas frentes de trabalho que constituem o movimento espiritual, social e ambiental do Santo Daime.